Ficha Unidade Curricular (FUC)
Informação Geral / General Information
Carga Horária / Course Load
Área científica / Scientific area
Estudos Africanos
Departamento / Department
Departamento de Ciência Política e Políticas Públicas
Ano letivo / Execution Year
2025/2026
Pré-requisitos / Pre-Requisites
Nenhum
Objetivos Gerais / Objectives
A UC tem como objectivo geral (O1) debater questões sociais e culturais contemporâneas em África. A UC estrutura-se em 10 semanas de aulas e em 5 tópicos fundamentais, dentro dos quais são abordados dois temas. Os objectivos específicos são: do tópico ‘1. Representações de África’ (O2) explicar a construção de conceitos e de narrativas sobre cultura e mudança social aplicados a África; do tópico ‘2. Demografia do continente africano’, (O3) mostrar a diversidade demográfica do continente e movimentos de populações, dentro e fora da região, especificando dinâmicas relacionadas com as juventudes africanas; do tópico ‘3. Género e sexualidade’, (O4) sistematizar os principais movimentos feministas e debates em torno do género e sexualidade em África; do tópico ‘4. Sistemas de pertença’, (O5) debater diferentes sistemas de pertença, com destaque para a religião e a etnia; por fim, do tópico ‘5. Culturas criativas’, (O6)explorar manifestações de diferentes indústrias criativas e digitais.
Objetivos de Aprendizagem e a sua compatibilidade com o método de ensino (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos estudantes) / Learning outcomes
No final da UC, os estudantes devem: OA1 – Aplicar de forma rigorosa conceitos fundamentais para a compreensão das dinâmicas sociais e culturais em África. OA2 – Discutir criticamente narrativas sobre o continente africano, contrapondo perspectivas eurocêntricas com endógenas. OA3 – Compreender dinâmicas demográficas do continente africano. OA4 – Explicar comportamentos e aspirações da juventude em África. OA5 – Conhecer movimentos feministas e movimentos de defesa de direitos de minorias sexuais, integrando-os em quadros normativos sociais diversos. OA6 – Conhecer diferentes sistemas de pertença em África, em especial considerando a religião e a etnicidade. OA7 – Relacionar manifestações de cultura urbana com a construção da memória. OA8 – Conhecer diferentes indústrias criativas e manifestações culturais digitais em África. OA9 – Procurar de forma autónoma literatura relevante para o estudo das dinâmicas sociais e culturais de África. OA10 - Construir um argumento oral e escrito.
Conteúdos Programáticos / Syllabus
1. Representações de África 1.1. Conceitos fundamentais de cultura e mudança social 1.2. Construção e crítica de narrativas sobre o continente africano e construção endógena de conhecimento 2. Demografia do continente africano 2.1. Estruturas demográficas e movimentos de populações 2.2. Juventude e suas aspirações 3. Género e sexualidade 3.1. Movimentos feministas 3.2. Sexualidade e normas sociais 4. Sistemas de pertença 4.1. Diversidade religiosa 4.2. Debate sobre sistemas de pertença em África 5. Culturas criativas 5.1. Culturas urbanas e memória 5.2. Indústrias criativas e digitais
Demonstração da coerência dos conteúdos programáticos com os objetivos de aprendizagem da UC / Evidence that the curricular unit's content dovetails with the specified learning outcomes
A UC visa compreender criticamente dinâmicas sociais e culturais em África A escolha dos temas é uma opção entre várias possíveis para abordar uma matéria vasta e diversificada, mas que permitirá aos alunos caracterizar algumas das mais relevantes dinâmicas sociais e culturais actuais de África, desde a elaboração de narrativas diversas sobre o continente africano, contrapondo perspectivas eurocêntricas com sistemas de conhecimento endógenos, até desafios demográficos e de pertença. Os tópicos permitem aos estudantes caracterizarem e debaterem de forma fundamentada a diversidade social e cultural em África.
Avaliação / Assessment
1. Avaliação ao longo do semestre: É requerida a assistência a 60% das aulas. A avaliação consiste na média ponderada de: a) Presença e participação activa nas aulas – 20% b) Trabalho de grupo apresentado em aula - 30% Trabalho de grupo (grupos constituídos por 3 a 4 estudantes) sobre quadros de pertença no continente africano, como a religião e a etnia. Os trabalhos de grupo têm como base uma referência académica sobre o tema fornecida pela professora, uma referência académica sobre o tema resultado de procura autónoma pelos estudantes, uma referência não académica (como entrada de blog ou reportagem) e experiências que os estudantes considerem relevantes para o tema escolhido. A constituição dos grupos realiza-se na aula 3, a seleção das referências indicadas realiza-se na aula 5 e a apresentação do trabalho realiza-se na aula 8. Os estudantes devem entregar na aula 8 a sistematização das fontes usadas e, em caso de usarem, o suporte visual da apresentação (PowerPoint ou outro). c) Ensaio individual de revisão (1000 a 1500 palavras) de 2 capítulos do livro Popular Protest, Political Opportunities, and Change in Africa (ed. Edalina Rodrigues Sanches, London: Routledge, 2022; livro disponível em acesso aberto: https://www.taylorfrancis.com/books/oa-edit/10.4324/9781003177371/popular-protest-political-opportunities-change-africa-edalina-rodrigues-sanches) OU de 2 artigos do número 40 da revista Cadernos de Estudos Africanos, sobre “Ativismos em África” (https://journals.openedition.org/cea/5123) - 50%. No ensaio, os estudantes deverão indicar os argumentos, a metodologia, o referencial teórico e conceptual e as principais conclusões dos capítulos ou artigos. O ensaio pode ser redigido em português ou inglês e deve ser submetido na plataforma moodle até ao dia indicado para os momentos de avaliação no campo correspondente do Fénix+. O ensaio deve ser um trabalho original e realizado de forma autónoma, em conformidade com o código de conduta académica do Iscte. Detecção de plágio e de outras formas de fraude académica implica a anulação da prova de avaliação. Pode ser requerida uma prova oral complementar ao ensaio de revisão. Por cada dia de atraso na entrega do ensaio será descontado 0,5. O código de conduta académica do Iscte pode ser consultado em: https://www.iscte-iul.pt/contents/iscte/organizacao/rgaos-de-coordenacao/conselho-pedagogico/1041/codigo-de-conduta-academica. 2. Avaliação por exame
Metodologias de Ensino / Teaching methodologies
Todas as aulas da UC têm uma componente expositiva e uma componente prática. A exposição teórica por parte da docente visa dotar os estudantes de conhecimento informado sobre os temas do programa. Esta componente expositiva é auxiliada por materiais que estimulem o interesse dos estudantes (apresentações multimédia, infografias, pequenos vídeos, entre outras possíveis). Para todos os tópicos do programa se apresentam os principais debates teóricos e casos ilustrativos, procurando, sempre que possível, abranger a diversidade do continente africano nas suas manifestações sociais e culturais. A parte prática das aulas tem diferentes metodologias participativas. Estimula-se a participação dos estudantes através de questões relacionadas com a matéria e, também, com as suas experiências individuais e colectivas. Os debates em aula centram-se em conceitos, análise de excertos de textos, análise de imagens, que se fazem previamente em grupo ou individualmente. Na primeira sessão, dedicada a narrativas e representações do continente africano, recolhem-se conceitos que os estudantes associam ao continente, que serão usados em todas as aulas subsequentes, servindo como “palavras geradoras”, seguindo uma metodologia de ensino baseada na pedagogia do oprimido de Paulo Freire. Pretende-se que os debates apresentem diferentes perspetivas sobre um mesmo tópico, de modo a desenvolver o pensamento crítico. Estes debates possibilitarão ainda o desenvolvimento de competências de argumentação e apresentação oral. Na semana 8, são apresentados oralmente trabalhos de grupo sobre quadros de pertença no continente africano, como a religião e a etnia, que se baseiam em fontes diversificadas previamente acordadas entre os grupos e a docente. A seleção dos grupos e dos temas faz-se na semana 3, de modo a possibilitar uma boa organização dos grupos e a mitigar desafios, no caso de acontecerem. A seleção dos materiais de suporte à apresentação (textos académicos e não académicos) realiza-se na aula 5, o que permite não só a aprovação de referências relevantes, como também a execução guiada do trabalho. Poder-se-ão também organizar conferências, seminários, aulas-abertas e workshops em conjunto com outras UC do Mestrado em Estudos Africanos ou com outros mestrados e doutoramentos, de modo a promover sinergias entre a oferta formativa do Iscte.
Demonstração da coerência das metodologias de ensino e avaliação com os objetivos de aprendizagem da UC / Evidence that the teaching and assessment methodologies are appropriate for the learning outcomes
As aulas da UC são teórico-práticas, o que implica que, a momentos de exposição aprofundada dos conteúdos programáticos, se juntam momentos de debate. Para tal, é essencial que os alunos conheçam os textos indicados na bibliografia, lendo-os com antecedência e de forma autónoma, e que desenvolvam em aula trabalhos práticos guiados pela docente e que terão como base tipologias distintas de formatos e fontes. Será relevante também para os estudantes conhecerem e desenvolverem capacidades de procura autónoma de literatura relevante para a UC (de acordo com o OA9). Com a procura autónoma de literatura, com a leitura dos textos indicados na bibliografia e com os momentos de exposição teórica e de debate em aula, os estudantes poderão, no final do semestre, (OA1) aplicar de forma rigorosa conceitos fundamentais da UC, (OA2) discutir criticamente narrativas sobre o continente africano, (OA3) compreender dinâmicas demográficas do continente africano, (OA4) explicando de forma mais aprofundada comportamentos e aspirações da juventude em África, (OA5) conhecer movimentos feministas e movimentos de defesa de direitos de minorias sexuais, integrando-os em quadros normativos sociais diversos, (OA6) conhecer diferentes sistemas de pertença em África, em especial considerando a religião e a etnicidade, (OA7) relacionar manifestações de cultura urbana com a construção da memória e (OA8) conhecer diferentes indústrias criativas e manifestações culturais digitais em África. Para além dos momentos de debate em cada aula, os estudantes, através da apresentação oral de trabalho de grupo, poderão desenvolver competências relacionadas com a construção de um argumento oral (OA10) sobre temas relacionados com sistemas de pertença (OA6).
Observações / Observations
Bibliografia Principal / Main Bibliography
AAVV. (2020). Cadernos de Estudos Africanos (No. 40). Amaefula, R. C. (2024). Refusing myths and stereotypes of Africans on TikTok. African Identities. Bracks Fonseca, M., & Chamarelli de Oliveira, F. (Orgs.). (2019). Áfricas e suas relações de gênero. Edições Áfricas / Ancestre. Fanon, F. (2005[1961]). The wretched of the Earth. Grove Press. Hudani, S. E. (2024). African Studies Keyword: “Transformation.” African Studies Review, 67(3), 652–674. Obadare, E. (Ed.). (2014). The handbook of civil society in Africa. Springer. Rodrigues Sanches, E. (Ed.). (2022). Popular protest, political opportunities, and change in Africa (1st ed.). Routledge. Sarr, F. (2022[2016]). Afrotopia. Antígona. Teixeira, R. J. D. (2016). Estado e sociedade civil em Cabo Verde e Guiné-Bissau: Djuntamon para novas relações. Cadernos de Estudos Africanos, 31, 109–132.
Bibliografia Secundária / Secondary Bibliography
Adésínà, 'J. O. (2010). Re-appropriating matrifocality: Endogeneity and African gender scholarship. African Sociological Review, 14(1), 2–19. Babou, C. A. (2007). Urbanizing mystical Islam: Making Murid space in the cities of Senegal. The International Journal of African Historical Studies, 40(2), 197–223. Bob-Milliar, G. M. (2014). Party youth activists and low-intensity electoral violence in Ghana: A qualitative study of party foot soldiers’ activism. African Studies Quarterly, 15(1), 125–152. Eze, C. (2014). Rethinking African culture and identity: The Afropolitan model. Journal of African Cultural Studies, 26(2), 234–247. Martins, V. (2015). Ovimbundu identity attributions in post-war Angola. Journal of Southern African Studies, 41(4), 853–867. Otu, K. E., & van Klinken, A. (2023). African studies keywords: Queer. African Studies Review, 66(2), 509–530. Richey, L. A., & Christiansen, L. B. (2018). Afropolitanism, celebrity politics, and iconic imaginations of North–South relations. African Affairs, 117(467), 238–260. Tshuma, L. A., Msimanga, M. J., & Tshuma, B. B. (2022). Laughing through the stomach: Satire, humour and advertising in Sub-Saharan Africa. Journal of Asian and African Studies, 59(3), 788–806. Wahutu, J. S. (2018). Representations of Africa in African media: The case of the Darfur violence. African Affairs, 117(466), 44–61. Zeleza, P. T. (2006). The inventions of African identities and languages: The discursive and developmental implications. In O. F. Arasanyin & M. A. Pemberton (Eds.), Selected proceedings of the 36th annual conference on African linguistics (pp. 14–26). Cascadilla Proceedings Project.
Data da última atualização / Last Update Date
2025-07-17