Sumários
Agenda-setting na Era Digital
29 Abril 2025, 18:00 • Cláudia Álvares
Abordou-se o modelo clássico de agenda-setting, segundo o qual os media influenciam os temas sobre os quais o público pensa, ao definir a hierarquia dos assuntos no espaço público. Discutiu-se a transformação desse modelo na era digital, marcada pela descentralização informativa, pela participação ativa dos utilizadores e pela lógica algorítmica das redes sociais. Analisaram-se ainda os impactos da fragmentação mediática e a emergência de múltiplas agendas paralelas, ilustrados pelos casos do #BlackLivesMatter e da atuação digital de Rafael Glucksmann. Concluiu-se que o modelo tradicional permanece relevante, mas precisa de ser atualizado para refletir as dinâmicas interativas e híbridas do ecossistema comunicacional contemporâneo.
McCombs, M. & Shaw, D. L. (1972) “The Agenda-Setting Function of Mass Media.” Public Opinion Quarterly, 36(2), 176–187
Harder, R. A., Sevenans, J., & Van Aelst, P. (2017). Intermedia Agenda Setting in the Social Media Age: How Traditional Players Dominate the News Agenda in Election Times. The International Journal of Press/Politics, 22(3), 275-293. https://doi.org/10.1177/1940161217704969 (Original work published 2017)
Meraz, S. & Papacharissi, Z. (2013) “Networked Gatekeeping and Networked Framing on #Egypt.” The International Journal of Press/Politics, 18(2), 138–166.
A Opinião Pública na Era Digital
8 Abril 2025, 18:00 • Cláudia Álvares
Analisou-se a formação da opinião na era digital, com ênfase no papel das crenças, nas metáforas do ecossistema dos media digitais (echo chambers e filter bubbles), e nos mecanismos de feedback loops que moldam o consumo de notícias. Discutiu-se como os fluxos de informação contemporâneos, impulsionados pela partilha manual e por recomendações algorítmicas, reforçam crenças preexistentes e contribuem para fenómenos de polarização. Foram também exploradas críticas aos modelos simplistas de câmara de ressonância, o impacto dos valores-notícia e shareworthiness na disseminação de conteúdos, e a importância crescente do fenómeno de unbundling nas dietas noticiosas contemporâneas.
Bruns, A. (2019) It’s Not the Technology,
Stupid: How the ‘Echo Chamber’ and ‘Filter Bubble’ Metaphors Have Failed Us. PAPER
PRESENTED AT THE IAMCR 2019 CONFERENCE IN MADRID, SPAIN, 7-11 JULY 2019. SUBMISSION
NO. 19771. MEDIATED COMMUNICATION, PUBLIC OPINION AND SOCIETY SECTION.
Borgesius, F.J., Trilling, D., Möller, J.,
Bodó, B., de Vreese, C.H., & Helberger, N. (2016). Should we worry about
filter bubbles? Internet Policy Review, 5(1).
https://doi.org/10.14763/2016.1.401
Shrum, L. J. (2008). Attitudes, Values, and
Beliefs, Media Effects on. The International Encyclopedia of
Communication. doi:10.1002/9781405186407.wbie
Trilling, D., Tolochko, P., & Burscher, B.
(2016). From Newsworthiness to Shareworthiness: How to Predict News Sharing
Based on Article Characteristics. Journalism & Mass
Communication Quarterly, 94(1), 38-60.
Populismo e Novos Media
1 Abril 2025, 18:00 • Cláudia Álvares
A aula explorou as ligações entre desinformação, populismo e literacia mediática, destacando como a autenticidade encenada se tornou uma estratégia central do discurso populista e como a desinformação — muitas vezes partilhada por figuras políticas — reforça polarizações existentes. Foram analisados os enquadramentos populistas nos media e no discurso dos cidadãos, com enfoque na atribuição de culpa e na construção de “ingroup” vs. “outgroup”. Por fim, discutiu-se o papel limitado, mas necessário, da literacia mediática como resposta crítica a estas dinâmicas.
Bibliografia
Alvares, C. & Dahlgren, P. (2016) ‘Populism, Extremism, and Media: Mapping an Uncertain Terrain’, European Journal of Communication 31(1): 46 - 57.
Bruns, A. (2019) ‘It’s not the technology, stupid: How
the ‘Echo Chamber’ and ‘Filter Bubble’ metaphors have failed us.’ Paper
presented in the Madrid 2019 International Association for Media and
Communication Research Conference (2019-07-07 - 2019-07-11),
https://eprints.qut.edu.au/131675/
Gerbaudo, P. (2018) ‘Social media and populism: an elective affinity?’, Media, Culture
& Society 40(5): 745-753.
Mazzoleni,
G. (2008). Populism and the Media. Twenty-First Century Populism.
pp.49-64.
Mudde,
C. (2010) 'The Populist Radical Right: A Pathological Normalcy', West
European Politics 33(6): 1167-1186.
As Novas Dinâmicas Sociais do Jornalismo
25 Março 2025, 18:00 • Cláudia Álvares
A aula abordou o impacto do digital nas novas dinâmicas do jornalismo, destacando a crise do modelo tradicional, o crescimento dos media alternativos, os desafios à regulação e a desprofissionalização do setor, com ênfase nas tensões entre jornalismo de causas e jornalismo mainstream.
Alvares,
C. & Dahlgren, P. (2016) ‘Populism, Extremism, and Media: Mapping an
Uncertain Terrain’, European Journal of Communication 31(1): 46 - 57.
Brown, A. (2018) ‘What is so special about online
(as compared to offline) hate speech?’, Ethnicities 18(3): 297-326.
Bruns, A. (2019) ‘It’s not the technology, stupid: How
the ‘Echo Chamber’ and ‘Filter Bubble’ metaphors have failed us.’ Paper
presented in the Madrid 2019 International Association for Media and
Communication Research Conference (2019-07-07 - 2019-07-11),
https://eprints.qut.edu.au/131675/
Enli, G. (2017). Twitter as arena for the authentic outsider: Exploring the social media campaigns of Trump and Clinton in the 2016 US presidential election. European Journal of Communication, 32(1), 50–61.
Gerbaudo, P. (2018) ‘Social media and populism: an elective affinity?’, Media, Culture
& Society 40(5): 745-753.
Mazzoleni,
G. (2008). Populism and the Media. Twenty-First Century Populism.
pp.49-64.
Mudde,
C. (2010) 'The Populist Radical Right: A Pathological Normalcy', West
European Politics 33(6): 1167-1186.
Consumo dos Media, Cultura Popular e Cidadania
18 Março 2025, 18:00 • Cláudia Álvares
Estas duas aulas abordaram o impacto do consumo mediático e da cultura popular na cidadania contemporânea. Discutiu-se o modelo do infotainment, que funde informação e entretenimento e desafia os limites tradicionais do jornalismo e da política, promovendo uma lógica emocional e performativa da participação cívica. A centralidade dos afetos, das comunidades de fãs e do capital social foi analisada como possível terreno fértil para práticas democráticas alternativas. Na segunda aula, exploraram-se formas alargadas de cidadania que ultrapassam o modelo eleitoral, incluindo a cidadania cultural e a participação em esferas públicas informais, muitas vezes impulsionadas pelos novos media. Debateram-se ainda os públicos online como novas formas de ligação pública e construção de opinião, e a necessidade de repensar conceitos e metodologias no estudo das audiências digitais.
Brants, K. (1998) ‘Who’s Afraid of Infotainment?’, European
Journal of Communication 13(3): 315-335.
Couldry, N. (2004) ‘The productive
“consumer” and the dispersed “citizen”’, International
Journal of Cultural Studies 7(1): 21–32.
Gripsrud, J. (2007) ‘Television and the
European Public Sphere’, European Journal of Communication, 22(4):
479-492.
Hermes, J. (2006) ‘Citizenship in the
Age of the Internet’, European Journal of
Communication 21(3): 295–309.
Livingstone,
S. (2004) ‘The Challenge of Changing Audiences Or, What is the Audience
Researcher to do in the Age of the Internet?’, European Journal of
Communication 19(1): 75–86.
Van Zoonen, L. (2004) ‘Imagining the Fan Democracy’, European
Journal of Communication 19(1): 39–52.