Sumários
Justiça ambiental: uma abordagem através de um jogo de roleplayng
17 Maio 2023, 14:30 • Rita Sousa
A justiça ambiental foi um tópico presente na maior parte das sessões da disciplina. Esta sessão de fecho procurou, por isso, trazer um exemplo prático que demonstra como o consumo de todos nós pode implicar consequências inesperadas na qualidade ambiental e social
Assim, através de um jogo de role play inicialmente desenvolvido pela Christian Aid e Banana Link, posteriormente adaptado pela OIKOS, os alunos tiveram oportunidade de assumir papéis de personagens e criar narrativas ligadas ao papel que lhes foi atribuído. As escolhas dos jogadores determinaram a direção que o jogo tomou (i.e., o preço final de um kg de bananas, tendo em conta o que cada grupo definiu como cota parte justa para si. Formaram-se, assim, cinco grupos que representaram os interesses de cinco grupos distintos: 1) trabalhadores da plantação; 2) donos da plantação; 3) exportadores; 4) importadores; 5) retalhistas.
Na segunda parte da sessão os alunos apresentaram a sua proposta de ensaio (o segundo previsto na avaliação) e discutiram-se caminhos, bibliografias e metodologias a aplicar em cada caso.
EA/EDS, participação e cidadania
10 Maio 2023, 14:30 • Rita Sousa
As linhas programáticas saídas da Cimeira da Terra (CNUAD, 1992) pressupõem que, num determinado território, a confluência de estratégias de implementação do desenvolvimento sustentável e de governança local é coadjuvada pela instauração de mecanismos de participação, sustentados em formas inovadoras, ou, pelo menos, indiciadoras de mudança. Sendo essa a promessa de ferramentas deliberativas como as já "extintas" Agendas 21 Locais e as atuais experiências de localização dos ODS, interessa refletir sobre estes processos e sobre a possibilidade de se revelarem (ou virem a revelar) instrumentos efetivamente consequentes nas práticas e nos resultados.
Procurou-se responder a estas interrogações começando por explorar algumas teorias da participação para o desenvolvimento e/ou para a sustentabilidade, bem como de estratégias de mobilização/capacitação como é o caso da Educação Ambiental e das numerosas iniciativas que, neste campo, têm vindo a ser desenvolvidas. Assim, para concretizar melhor metodologias e estratégias de ação apresentaram-se resultados de algumas pesquisas desenvolvidas no terreno quer no campo da prossecução da sustentabilidade local, quer no campo da educação ambiental e da educação para a sustentabilidade.
Desenvolvimento sustentável e Agenda 2030
3 Maio 2023, 14:30 • Rita Sousa
Esta aula apresenta a Agenda 2030 (e os seus dezassete ODS), integrada num contexto disruptivo de desequilíbrio ambiental e social. Para melhor ilustrar as tendências neste contexto, depois de apresentada a visão holística do Desenvolvimento Sustentável e os seus antecedentes, será analisado o enquadramento atual da Agenda 2030, bem como os seus contributos para enfrentar os desafios da modernidade. Para o efeito, serão apresentados alguns dados estatísticos disponíveis no SDG Index and Dashboards 2022 (www.sdgindex.org) e no ODSLocal (www.odslocal.pt).
Estrutura:
Desenvolvimento Sustentável
- Origens
- atividade humana
- Custos ambientais e consequências saociais
- Imperativos da sustentabilidade
- Derrapagem de um processo incompleto
- Repensar o desenvolvimento (Agenda 2030)
- Resultados e expectativas
Origens e Fatores de degradação
Para além de uma reflexão teórica sobre a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável, procurou-se-á reflectir a partir de uma análise diacrónica de dados recolhidos em diversas fontes incidindo sobre diferentes níveis de governação (global, nacional e municipal).
Sociedade de Risco, Alterações Climáticas e a resposta da modernização Ecológica
26 Abril 2023, 14:30 • Rita Sousa
As sociedades atuais encontram-se dominadas pela presença potencial de ameaças que geram um sentimento de crescente insegurança e de incerteza face à imprevisibilidade das suas consequências. Aos conflitos da sociedade industrial, que se centravam na distribuição de recursos, somaram-se os conflitos causados pelo sistema industrial sobre a produção, definição e distribuição dos riscos. Neste panorama, as Alterações Climáticas e seus efeitos assumem um papel central que, num mundo globalizado, ultrapassa largamente as fronteiras dos países de origem (o Ocidente). Até porque as mudanças ambientais daí resultantes dificilmente se enquadram nas fronteiras definidas pelos Estados-Nação.
Nesta perspetiva, a produção social de riqueza é, nas sociedades contemporâneas, sistematicamente acompanhada pela produção social de riscos que implica não apenas diferentes responsabilidades, mas também diferentes perceções: Enquanto os peritos e as instituições de poder político e económico entram em linha de conta, sobretudo, com a magnitude dos riscos, numa base técnico-científica e de estratégia política, os leigos (cidadãos e representantes da sociedade civil) valorizam a credibilidade das instituições, o modo como são organizados os processos de avaliação e o controlo social sobre as aplicações tecnológicas.
Assistimos, afinal, a uma multiplicação de posições que podem resultar: a) na multiplicação das controvérsias sobre riscos ambientais e para a saúde; b) a debates públicos e políticos sobre as incertezas e divergências científicas; c) à institucionalização do recurso à ciência para a avaliação do risco; d) a uma cada vez maior descrença social nas autoridades políticas e até das instituições científicas, passando pelo poder judicial, num contexto de complexificação que Beck designou por "Irresponsabilidade Organizada".
A partir deste pano de fundo, analisaram-se alguns dos problemas mais emblemáticos que afetam quer o ambiente, quer a saúde pública, como são as Alterações Climáticas e os eventos extremos a elas associado, quer acidentes industriais mais localizados que contribuem para a delapidação da confiança institucional. A Teoria de Modernização Ecológica foi depois apresentada como resposta aos desafios da Sociedade de Risco.
Antropoceno e Solastalgia: dois conceitos emergentes na análise sociológica
19 Abril 2023, 14:30 • Rita Sousa
Uma vez que fornecem quadros de análise inovadores, adaptados à realidade atual, para compreender as complexas interacções entre sociedade, cultura e ambiente, bem como as implicações da mudança ambiental para indivíduos e comunidades, Antropoceno e Solastalgia são dois conceitos que têm vindo a ganhar relevância nas ciências sociais e, em particular, na sociologia do ambiente. Os dois conceitos complementam-se e destacam a necessidade de abordagens interdisciplinares para compreender as dimensões social, cultural, económica e psicológica dos desafios ambientais e informar as respostas políticas e de governação.
Esta aula procurou clarificar os dois conceitos:
Antropoceno - A partir das teorias desenvolvidas por Paul Crutzen, sugere-se que as atividades humanas e suas consequências (e.g., industrialização, urbanização, desflorestação, alterações climáticas) causaram alterações significativas e duradouras nos ecossistemas e na geologia do planeta. nesta perspetiva, enfatiza-se a escala e magnitude da influência humana nos sistemas naturais da Terra, destacando quer as profundas consequências ecológicas, quer as igualmente profundas consequências sociais e económicas.
Solastalgia - Resposta emocional à desolação crónica causada pela degradação ambiental. Ou seja, às mudanças sociais e/ou ambientais externas (independentes da nossa vontade) cauadas pelas novas condições geológicas do antropoceno,que transformam a nossa casa (o nosso ambiente próximo), tornando-a irreconhecível e até hostil. Trata-se, afinal, da ideia de que estamos a perder o conforto que antes o ambiente nos proporcionava: um sentimento de saudades de casa, antes mesmo de ter saído de casa (Albrecht 2005, 2012).