Ficha Unidade Curricular (FUC)

Informação Geral / General Information

Carga Horária / Course Load

Área científica / Scientific area

Sociologia

Departamento / Department

Departamento de Sociologia

Ano letivo / Execution Year

2023/2024

Pré-requisitos / Pre-Requisites

O conhecimento fornecido por esta UC procura articular-se com os conteúdos das unidades curriculares que completam a formação sociológica neste semestre: teorias sociológicas e objecto e método da sociologia. Esta matéria terá continuidade nas unidades curriculares sobre instituições e mudança social (1º ano/2ºsemestre) e sobre classes sociais e estratificação (2º ano/1º semestre).

Objetivos Gerais / Objectives

Esta unidade curricular proporciona um primeiro contacto dos alunos com os principais conceitos e temas de análise da Sociologia. Constituem-se como principais objectivos proporcionar as seguintes aprendizagens: a)Conhecimento dos principais conceitos da análise sociológica; b)Desenvolvimento da capacidade de relacionar os conceitos estudados com investigações empíricas sobre a sociedade portuguesa; c)Construção de uma reflexão sociológica crítica, desenvolvendo a imaginação sociológica no estudo da realidade social; d)Contribuição para o desenvolvimento de competências gerais, tais como: estudar e pesquisar individualmente, trabalhar em equipa, interpretar textos e relacionar teoria com informação empírica.

Objetivos de Aprendizagem e a sua compatibilidade com o método de ensino (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos estudantes) / Learning outcomes

Considera-se que os objectivos de aprendizagem desta UC prendem-se com a necessidade de os estudantes tomarem contacto com conceitos sociológicos, a partir do conhecimento do seu carácter relacional, crítico e dinâmico. O objectivo é transmitir aos estudantes a ideia de que nas ciências sociais, nomeadamente na Sociologia, os conceitos estão em permanente mudança, já que os seus conteúdos não são fixos nem estáveis. Mudam ao longo do tempo mercê da sua constante alimentação pela investigação empírica e também porque o estudo das relações sociais em sociedades em mudança implica o seu desdobramento em novos conceitos ou na reformulação das suas fronteiras com outros conceitos relativamente aos quais ainda não tinham estabelecido novas relações. Assim, garante-se que os estudantes adquiram uma visão aberta à imaginação sociológica e sensível à interpretação da sua interdependência com as matrizes teóricas que constituem a sua origem.

Conteúdos Programáticos / Syllabus

Introdução: Estruturação da realidade social 1.Indivíduo, sociedade e relações sociais 1.1 Indivíduo e Sociedade: interiorização, exteriorização e objectivação das relações sociais. 1.2 Indivíduo enquanto actor e agente: sistemas de interacção e sistemas de interdependência 1.3 Indivíduo e relações de interdependências: configurações sociais 2.Interacção, cultura e sociedade 2.1 Interacção e socialização: formas e contextos 2.2 Papeis e normas sociais 2.3 Valores, crenças e representações sociais 2.4 Classificação, etiquetagem e estereótipos 2.5 Identidades pessoais, sociais e culturais 3.Construção da estrutura social 3.1 Grupos, organizações e instituições sociais 3.2 Processos sociais de hierarquização: influência, autoridade e poder 3.3 Controlo, regulação e ordem social

Demonstração da coerência dos conteúdos programáticos com os objetivos de aprendizagem da UC / Evidence that the curricular units content dovetails with the specified learning outcomes

Na introdução procura-se debater algumas questões prévias ao estudo dos conceitos que constam no programa. Assim, é feita a discussão de algumas dicotomias que podem prejudicar a aprendizagem dos conceitos, tais como a distinção entre sociedades rurais e sociedades urbanas; sociedades desenvolvidas e sociedades subdesenvolvidas; sociedades tradicionais e sociedades modernas; sociedades modernas e sociedades pós-modernas, etc. Depois ganha centralidade estudar a relação indivíduo e sociedade, assumindo-se o seu carácter indissociável e tendo em linha de conta que é necessário considerar o indivíduo enquanto agente, actor e sujeito, para que possam emergir as dimensões objectivas e subjectivas e materiais e simbólicas da realidade social. Socialização, interacção, normas, regras e papeis; valores, crenças, representações sociais e identidades; organizações, grupos, hierarquias, autoridade e poder constituem constelações conceptuais que dão sentido à relação indivíduo e sociedade.

Avaliação / Assessment

A ficha de leitura sobre texto(s) seleccionado(s) pela equipa docente traduzirão a capacidade de os alunos saberem distinguir o que é a problemática do texto, os seus principais conceitos, as suas principais proposições. Já o exercício escrito final, pretende que os estudantes sejam capazes de articular todos os pontos do programa, de uma forma abrangente e desenvolvida. Avaliação contínua (frequência de pelo menos 2/3 das aulas): a) Uma ficha analítica sobre texto a fornecer previamente pelo docente (40%); b) Um exercício escrito (teste) realizado em aula (50%); c) Assiduidade e participação (10%). Alternativamente, ou em caso de insucesso na avaliação contínua, um exame final que incide sobre todas as matérias do programa.

Metodologias de Ensino / Teaching methodologies

As metodologias de ensino-aprendizagem conjugam as exposições e enquadramentos por parte do docente, sobre os diversos temas e conceitos do programa, com a realização de exercícios práticos sobre aqueles temas e conceitos, elaborados pelos alunos em aula e em interacção permanente com o docente.

Demonstração da coerência das metodologias de ensino e avaliação com os objetivos de aprendizagem da UC / Evidence that the teaching and assessment methodologies are appropriate for the learning outcomes

Como se disse, a Introdução do programa, que se debruça sobre a estruturação da vida social,constitui um importante referencial de problemáticas das sociedades contemporâneas, pois o exercício que é proposto aos estudantes é proporcionar o conhecimento de como as dicotomias oriundas do racionalismo cartesiano estipularam fronteiras entre entidades sociais que, face ao conhecimento actual da realidade social, parecem não poder conter mais os processos da sua disrupção: o entendimento convencional do que é tradicional e moderno não se compatibiliza com as suas traduções e retraduções ao longo da história da investigação sociológica;a separação do que é rural e urbano foi submetida ao desafio da produção de novas reconfigurações das suas realidades,variáveis ao longo do tempo e em cada sociedade, pois o rural urbanizou-se e urbano ruralizou-se,através de múltiplas formas sociais.Por outro lado,as teorias interpretativas das sociedades actuais multiplicaram-se em várias propostas: Sociedades dos indivíduos (Norbert Elias),sociedades do capitalismo tardio e sociedades do capitalismo avançado(Anthony Giddens), sociedades pós-industriais(Daniel Bell),sociedades globalizadas(autores vários), sociedades macdonaldizadas(George Ritzer),sociedade de risco(Ulrich Beck), sociedade líquida, sociedade individualizada(Zygmunt Bauman),apenas para mencionar as mais importantes. Com esta abertura, delimita-se o território analítico que alberga os conceitos de indivíduo e sociedade, envolvidos em processos de objectivação, subjectivação e exteriorização,sob a forma de interacções sociais,relações sociais,práticas sociais e configurações sociais. Deste modo,os estudantes ficam preparados para adquirirem instrumentos de conceptualização que nunca se desligam desta matriz de iniciação ao que é considerado cultura e sociedade. Assim, ao longo da discussão dos conceitos-chave, vão-se fazendo ajustamentos dos seus conteúdos aos fenómenos sociais que ocupam a agenda de investigação nas ciências sociais,articulando-os às pesquisas realizadas em contextos concretos,nomeadamente na sociedade portuguesa. Quer as metodologias de ensino, quer as de avaliação colocam a tónica na necessidade de identificar os aspectos que distinguem cada conceito,para garantir a sua autonomia conceptual,mas também para evidenciar o seu carácter relacional e dinâmico. Não se pode separar os conceitos de normas, papeis e interacção social,mas convém salientar que as consequências que advêm do seu uso pela perspectiva funcionalista ou pela perspectiva interaccionista são distintas no que respeita à relação entre interacção e sociedade.Daí que os estudantes sejam motivados, num primeiro momento a realizar um trabalho analítico de dissecação conceptual,para noutro momento desenvolverem competências de articulação de dimensões de análise conceptual com as perspectivas que apontam para a sua sede de teorização.

Observações / Observations

Devido à atual situação provocada pela COVID-19, o processo de avaliação poderá sofrer algumas adaptações, que serão comunicadas oportunamente, caso tal venha a ser necessário.

Bibliografia Principal / Main Bibliography

Almeida,João Ferreira(1994),Introdução à Sociologia,Lisboa,Universidade Aberta; Campenhoudt,Luc Van(2003),Introdução à Análise dos Fenómenos Sociais, Lisboa,Gradiva; Corcuff,Philippe(2001),As Novas Sociologias,Sintra,Editora Vral; Costa,António Firmino da (2007),Sociologia,Lisboa, Quimera, 5ª. edição; Demartis,Lucia(2006),Compêndio de Sociologia,Lisboa,Edições70; Giddens, Anthony (2013), Sociologia, Lisboa, Gulbenkian, 9ª edição; Fulcher,James e John Scott(2007),Sociology,Oxford,Oxford University Press, 3ª. edição; Riutort,Philippe(2001),Primeiras Lições de Sociologia, Lisboa,Gradiva; Scott,John(2009),50 Grandes Sociólogos Contemporâneos,São Paulo, Contexto; Turner,Jonathan H(2000),Sociologia:Conceitos e Aplicações,São Paulo, Makron Books; Wieviorka,Michel(2010),Nove Lições de Sociologia. Como abordar um mundo em mudança?,Lisboa,Editora Teorema; Abercrombie,Nicholas,Stephen Hill e Bryan S.Turner(2006),Dictionary of Sociology, Londres,Penguin Books;

Bibliografia Secundária / Secondary Bibliography

1. Indivíduo, sociedade e relações sociais Berger, Peter e Luckmann, Thomas (2004), "A sociedade como realidade objectiva" e "A sociedade como realidade subjectiva", A Construção Social da Realidade: um livro sobre a sociologia do conhecimento, Lisboa, Dinalivro, pp.59-135 e 137-188. Costa, António Firmino (2001), "Sociologia: perguntas e respostas" e "Regularidades e Singularidades Sociais" em Sociologia, Coimbra, Quimera, pp. 13-58. Elias, Norbert (1999), "Características universais da sociedade humana", Introdução à Sociologia, Lisboa, Edições 70, pp.113-145. Elias, Norbert (2004), "Transformações do Equilíbrio Nós-Eu (1987)", A Sociedade dos Indíviduos, Publicações Dom Quixote, 2ª. edição, pp.175-258, 2. Interacção e Processos de Socialização Abrantes, Pedro (2003), "Dias vagos: culturas em interacção", in Os Sentidos da Escola, Oeiras, Celta Editora, pp.69-85. Cachado, Rita d'Ávila (2008), "Entre as casas e o templo, a Rua: comunidade hindu e interacções de bairro" em Graça Índias Cordeiro e Frédéric Vidal (orgs) A Rua. Espaço, Tempo e Sociabilidade, Lisboa, Livros Horizonte, pp. 43-75. Campenhoudt, Luc Van (2003), "Outsiders" em A Análise dos Fenómenos Sociais, Lisboa, Gradiva, pp.77-97. Costa, António Firmino da (1998), "Classificações Sociais", Leituras, Revista da Bilioteca Nacional, 2, pp. 65-76. Costa, António Firmino (1999) "O bairro como quadro de interacção" em Sociedade de Bairro, Oeiras, Celta Editora, pp. 296-306. Demartis, Lucia, (2006), "A socialização" e "A interacção social" em Compêndio de Sociologia, Lisboa, Edições 70, pp. 43-75. Marques, Filomena, Rosa Almeida e Pedro Antunes (1999) em José Machado Pais (Coord.), "Traços falantes", em Traços e Riscos de Vida, Porto, Âmbar Editores, pp.175-211. Pais, José Machado (1998), "Introdução", Gerações e Valores na Sociedade Portuguesa Contemporânea, Porto, Âmbar Editores pp.17-60 Turner, Jonathan (2000), "Interacção social", em Sociologia: Conceitos e Aplicações, São Paulo, Makron Books, pp.61-86. 3. Construção da estrutura social Almeida, João Ferreira de (2000), "Sociedade e Valores" em António Costa Pinto (Coord.), Portugal Contemporâneo, Madrid, Sequitur, pp.160-179. Costa, António Firmino da (2001), "Estrutura e Acção Social" em Sociologia, Coimbra, Quimera, pp. 93-95. Demartis, Lucia (2006), "Grupos e Organizações" em Compêndio de Sociologia, Lisboa, Edições 70, pp. 77-87. Elias, Norbert e Eric Dunning (1992), "A dinâmica dos grupos desportivos, uma referência especial ao futebol", em A Busca da Excitação, Lisboa, Difel, pp.279-297. Javeau, Claude (1998), "Estruturação e regulações sociais", in Lições de Sociologia, Oeiras, Celta Editora, pp. 175-199. Turner, Jonathan (2000), "Estrutura Social", "Grupos e Organizações", em Sociologia: conceitos e aplicações, São Paulo, Makron Books, pp. 47-52 e 93-99.

Data da última atualização / Last Update Date

2024-02-16