Ficha Unidade Curricular (FUC)
Informação Geral / General Information
Carga Horária / Course Load
Área científica / Scientific area
Ciências Sociais
Departamento / Department
ISCTE
Ano letivo / Execution Year
2025/2026
Pré-requisitos / Pre-Requisites
Não existem nenhuns requisitos específicos para a frequência desta UC.
Objetivos Gerais / Objectives
Esta unidade curricular visa a aquisição de conhecimentos sobre conceitos, movimentos e estudos trans, relacionando identidades, posicionalidades e corporalidade. Visa ainda promover a discussão e análise crítica sobre reconhecimento, direitos, discriminação, corpo e saúde.
Objetivos de Aprendizagem e a sua compatibilidade com o método de ensino (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos estudantes) / Learning outcomes
No final desta unidade curricular, @s estudantes serão capazes de: OA1. Compreender os conceitos fundamentais no domínio dos movimentos e estudos trans OA2. Identificar processos e contextos de reconhecimento e discriminação de pessoas trans, não binárias e de género diverso OA3. Discutir factores de risco e protetores em saúde de pessoas trans, não binárias e de género diverso ao longo do ciclo de vida OA4. Identificar práticas de saúde trans e não binárias afirmativas OA5. Discutir e refletir criticamente sobre a corporalidade e a pessoa
Conteúdos Programáticos / Syllabus
CP1: Transgénero e diversidade de género na perspetiva das ciências sociais 1. Conceitos e teorias. Emergência do movimento e dos estudos trans 2. Discriminação das pessoas trans e não binárias numa perspetiva interseccional 3. Reconhecimento, direitos e políticas públicas CP2: Cidadania e experiências trans e não binarie 1. Performatividade de género e vivências no espectro de género. Debates e tensões 2. Saúde trans e não binarie 3. Necropolíticas trans e não binaries. Resistências e coletivos. Artivismos CP3: Biopolítica, ciborgues, pós e trans-humanismos. Desafiando os conceitos de corporalidade e pessoa 1 - A reinvenção da natureza, do género e da sexualidade: a partir de Donna Haraway 2 - Questões de pós-humanismo e transhumanismo, e trabalho sobre o corpo. Em torno do Projeto Excel de Chiara Pussetti 3 – Desafios biopolíticos. Intervenções no corpo, género e sexualidade: a partir de P. Preciado 4 - O transhumanismo, o género e a sexualidade: a partir de Abou Farman
Demonstração da coerência dos conteúdos programáticos com os objetivos de aprendizagem da UC / Evidence that the curricular unit's content dovetails with the specified learning outcomes
Os conteúdos programáticos relativos à abordagem das ciências sociais do transgénero e da diversidade de género (CP1) permitirão a aquisição de conhecimentos no domínio dos conceitos, dos movimentos e dos estudos trans (AO1). Permitirão ainda identificar os processos e contextos discriminação e de reconhecimento de pessoas trans, não binárias e de género diverso e respetivas implicações para as políticas públicas (OA2). Os conteúdos programáticos acerca da saúde das pessoas trans e de género diverso (CP2) permitirão discutir os fatores de risco e protetores em saúde dessas pessoas ao longo do seu ciclo de vida (OA3). Permitirão, ainda, identificar práticas de saúde trans-afirmativas (OA4). Os conteúdos programáticos que incidem na biopolítica, ciborgues, pós e trans-humanismos (CP3), permitem discutir e refletir criticamente sobre as configurações contemporâneas das noções de Corpo e de Pessoa (OA5).
Avaliação / Assessment
Nesta UC @s estudantes podem optar pela avaliação ao longo do semestre ou pela avaliação por exame. Avaliação ao longo do semestre: Em avaliação ao longo do semestre, espera-se que @s estudantes participem nas aulas, realizem, em grupo, uma apresentação oral e realizem um trabalho escrito individual após o final das aulas, em data a combinar na reunião de Conselho de Ano, coincidente com a data do exame final de 1ª época para quem se encontra nessa outra modalidade. A apresentação oral deve incidir sobre os temas abrangidos nos conteúdos programáticos elencados (CP1, CP2 ou CP3) e é apresentada na(s) última(s) semana(s) de aulas da UC. Os vários elementos de avaliação têm a seguinte ponderação na classificação final: Apresentação oral de grupo em sala de aula (40%). A avaliação do conteúdo da apresentação é de grupo (30%) e a performance oral é avaliada individualmente (10%) Trabalho individual escrito (60%) Avaliação por exame: A avaliação por exame ocorre durante o período de avaliações e incide sobre toda a matéria lecionada na unidade curricular. Trata-se de um exame escrito e pondera a 100% para a nota final. São admitid@s a esta modalidade de avaliação @s estudantes que por ela tenham optado e @s estudantes que não tenham obtido aprovação na modalidade de avaliação ao longo do semestre. O exame final escrito pondera a 100% para a nota final. Os elementos da avaliação têm a nota mínima de 10 valores. A equipa docente pode requerer avaliação por exame oral como complemento, sempre que se justifique (ex: caso de dúvida relativamente a plágio)
Metodologias de Ensino / Teaching methodologies
Esta UC é de carácter interdisciplinar, pelo que integra os contributos da sociologia, da psicologia e da antropologia. A UC visa dotar @s estudantes de conhecimentos teóricos sobre a problemática da diversidade de género, capacitando-@s para a mobilização desses conhecimentos em processos de investigação ou de intervenção social. Inicia-se com a epistemologia das ciências sociais na abordagem à diversidade de género, os conceitos fundamentais para a sua compreensão, a constituição e a contribuição dos movimentos e dos estudos trans. A mudança de paradigma desde a patologização da diversidade de género até à sua colocação no plano dos direitos humanos, convoca a compreensão dos processo e contextos de discriminação a que estas pessoas têm sido sujeitas, bem como os processos de reconhecimento e aquisição de direitos, interpelando as políticas públicas. O modelo pedagógico prevê tanto algumas aulas (ou tempos de aulas) mais expositivas, como a discussão das temáticas abordadas a partir da interpelação da docente e/ou d@s estudantes, assim como mais focada em textos mais teóricos ou resultados de investigações empíricas. A UC segue com os contributos da psicologia, centrando-se nas questões da saúde, nas experiências e vivências destas populações. Inicia com uma discussão sobre a vivência dentro do espectro do género, a partir da teoria da performatividade. Seguidamente examinaremos as abordagens e práticas de saúde não bináries e trans-afirmativas. Na última parte, focaremos as necropolíticas trans e não bináries e as práticas coletivas de resistência, incluindo o artivismo. O modelo pedagógico implica metodologias expositivas com espaço de debate, discutindo as temáticas abordadas à luz de recentes trabalhos de investigação sobre os temas. O terceiro bloco centra-se nas questões de biopolítica, ciborgues, pós e trans-humanismo, e suas conexões com o corpo, o género e a sexualidade, desafiando os conceitos de corporalidade e pessoa que têm funcionado na Modernidade. Estas discussões terão como base um conjunto selecionado de textos de referência, devidamente indicados. O modelo pedagógico implica o trabalho autónomo da leitura e análise de textos e a participação na discussão em aula, a partir de uma exposição e desafio lançado pelo docente. Esta UC é de carácter teórico-prático. O modelo pedagógico prevê, assim, o contacto direto d@s docentes com @s estudantes através de aulas teórico-práticas. Prevê ainda o trabalho autónomo d@s estudantes, incluindo estudo da bibliografia indicada para discussão nas aulas, preparação das intervenções nas aulas, elaboração trabalho de grupo e preparação para o trabalho individual final. Cada estudante terá no total 25 horas de contacto, sendo 24 de aulas teórico-práticas e 1 hora de orientação tutorial, com uma das pessoas docentes, para apoio à elaboração do trabalho de grupo.
Demonstração da coerência das metodologias de ensino e avaliação com os objetivos de aprendizagem da UC / Evidence that the teaching and assessment methodologies are appropriate for the learning outcomes
Para todos os objetivos será feita uma exposição teórica, complementada por discussão e reflexão crítica nas aulas teórico-práticas. Na(s) última(s) aula(s) no final do semestre, os grupos apresentam os trabalhos orais. O trabalho de grupo escrito permite aplicação dos conhecimentos adquiridos nas aulas durante o semestre. O teste avalia todos os objetivos. Metodologias de Ensino-Aprendizagem (MEA): i) expositiva, para apresentação de quadros teóricos de referência: Todos os OA Esta UC requer conceitos teóricos, fundamentais para a compreensão dos diferentes conteúdos programáticos, pelo que as aulas teóricas, de teor mais expositivo, permitem abranger todos os objetivos de aprendizagem. ii) participativa, com análise e discussão de textos e estudos empíricos: OA2, OA3, OA4 e OA5 Esta UC assenta em metodologias participativas para a análise e discussão de textos e estudos empíricos, relevantes para a concretização dos objetivos de aprendizagem relacionados com a identificação de processos e contextos de reconhecimento e discriminação de pessoas trans, não binárias e de género diverso; as experiências e vivências num espectro de género, incluindo cuidados de saúde e resistência à necropolítica; bem como para a discussão e reflexão crítica sobre a corporalidade e a pessoa. O OA5 implicará a leitura e discussão de um texto para cada uma das aulas. iii) autoestudo, relacionada com o trabalho autónomo d@ estudante: Todos os OA. A participação informada na aula, a elaboração do trabalho de grupo e a realização do teste escrito implicará trabalho autónomo por parte d@s estudantes, o que abrange todos os objetivos de aprendizagem.
Observações / Observations
A UC contará com a participação de João Manuel de Oliveira (Psicologia) e Miguel Vale de Almeida (Antropologia).
Bibliografia Principal / Main Bibliography
APA (2015). Guidelines for psychological practice with transgender and gender nonconforming people. American Psychologist, 70:832–64 Haraway, D (1991). Simians, Cyborgs and Women: The Reinvention of Nature. Routledge Moleiro, C, Alarcão V & Neves, LR (2022). Mapping transgender studies in Portugal: a systematic search and narrative review. Journal of Gender Studies, 32(7):655-670 Monro, S (2007). Transmuting gender binaries: The theoretical challenge, Sociological Research Online, 12(1):90-104 Preciado, P (2013). Testo Junkie: sex, drugs, and biopolitics in the pharmacopornographic era. The Feminist Press Saleiro, SP (2021). (Trans)gender recognition in Portugal: From a void to the right to gender self-determination. Portuguese Journal of Social Science, 20:153-170. Spade, D (2015). Normal life: administrative violence, critical trans politics and the limits of the law. Durham, NC: Duke University Press. Stryker, S & Whittle, S (2006). The Transgender Studies Reader. Routledge
Bibliografia Secundária / Secondary Bibliography
Barata, A (2020). O desligamento do mundo e a questão do humano. Documenta. Pussetti, C (org) (2024). Be Fu**ing Perfect: À procura da perfeição https://cria.org.pt/en/be-fuing-perfect Coleman et al (2022). Standards of Care for the Health of Transgender and Gender Diverse People, Version 8. Int J Transgender Health. 6;23(Suppl 1):S1-S259. Connell, R (2010). Transition and the gender order. Polare, 83, pp. 14-16. Gato, J. (ed) (2024). Manual de Intervenção Psicológica com Pessoas LGBTQIA+. Uma perspetiva individual, familiar e comunitária. Pactor. Farman, A (2020). On not dying: Secular immortality in the age of technoscience. University of Minnesota Press. Haraway, D (1989). Primate Visions: Gender, Race, and Nature in the World of Modern Science, Routledge. Pinna, F, Paribello, P, Somaini G, Corona, A, Ventriglio, A, Corrias, C, Frau, I, Murgiaa, R, Kacemi, S, Galeazzi, GM et al (2022). Mental health in transgender individuals: A systematic review. International Review of Psychiatry 34: 292–359. Stryker, S. (2008). Transgender History. Berkeley: Seal Press. Snorton, CR, & Haritaworn, J (2013). Trans necropolitics: A transnational reflection on violence, death, and the trans of color afterlife. In S. Stryker & A. Z. Aizura (Eds.), The Transgender Studies Reader (2nd ed., pp. 65–76). Routledge Yogyakarta Principles (2017). The Yogyakarta Principles Plus 10’, https://bit.ly/yogyakartaplus10.
Data da última atualização / Last Update Date
2025-07-20