10 Março 2025, 20:30
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Maria Asensio Menchero
A digitalização das administrações públicas tem sido frequentemente apresentada como um catalisador de uma nova era de governação colaborativa. Contudo, uma análise comparativa de estratégias nacionais de digitalização em oito países europeus (Estónia, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Noruega, Espanha e Reino Unido) revela um cenário mais complexo. Em vez de uma rutura paradigmática, o que se observa é uma coexistência e hibridização dos três principais paradigmas administrativos: a Administração Pública Tradicional (TPA), a Nova Gestão Pública (NPM) e a Governação em Rede (NG).
A TPA continua a exercer influência significativa, sobretudo pelo reforço das estruturas hierárquicas e da centralização da coordenação estratégica. Já a NPM mantém-se presente, especialmente através da ênfase na eficiência, na prestação de serviços centrada no cidadão e na utilização de instrumentos de gestão, como indicadores de desempenho. Por outro lado, embora o discurso sobre colaboração interorganizacional e o envolvimento de atores não estatais tenha ganho destaque, a prática continua a demonstrar que a Governação em Rede não se consolidou como paradigma dominante. Os atores não estatais têm uma participação limitada e, em geral, não desempenham um papel relevante na condução das estratégias de digitalização.
As estratégias mais recentes demonstram alguns avanços, como a valorização da agilidade organizacional, da transparência e de abordagens mais participativas. No entanto, estes elementos ainda surgem de forma complementar aos modelos tradicionais, sem os substituir. A colaboração, por sua vez, permanece predominantemente interna ao setor público, com alguma ampliação da interface com o setor privado e a sociedade civil, ainda que de forma pontual e muitas vezes simbólica.
Estes resultados indicam que a digitalização, em vez de impulsionar uma transformação radical da administração pública, tende a reforçar práticas existentes, reproduzindo estruturas hierárquicas e mecanismos de mercado. A retórica em torno da colaboração e da inovação organizacional coexiste com a continuidade de formas tradicionais de coordenação estatal. Assim, é possível afirmar que estamos perante uma adaptação incremental dos paradigmas existentes, mais do que uma revolução institucional.
A análise permite refletir criticamente sobre os limites e potencialidades das políticas públicas de digitalização. O desafio mantém-se em transformar o discurso de governação colaborativa em prática efetiva, promovendo, efetivamente, uma administração pública mais inclusiva, adaptativa e centrada no valor público. Para tal, será essencial reforçar a capacidade do Estado para liderar processos de inovação de forma distribuída, envolvendo múltiplos atores e redes colaborativas.
24 Fevereiro 2025, 20:30
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Maria Asensio Menchero
As atitudes, preferências e prioridades são forças dominantes na vida, enquanto a nossa identidade define quem somos. Ambos desempenham um papel fundamental na determinação das preferências dos cidadãos em relação às políticas públicas. Mas quais são exatamente esses valores, atitudes e preferências políticas? Até que ponto são partilhados pelos cidadãos? Em que medida as preferências variam entre os cidadãos de diferentes Estados? Como se relacionam com a identidade individual? Além disso, que paralelos podem ser estabelecidos entre as respostas a essas questões e de que forma os fatores sociodemográficos tradicionalmente mais relevantes — como género, idade, nível de educação, situação financeira, utilização da Internet e inclinações políticas — influenciam essas preferências?
Peter Taylor-Gooby teve uma contribuição significativa para o estudo do bem-estar e das políticas sociais. No texto Attitudes, Aspirations and Welfare, o autor examina diversas questões sobre como as atitudes e aspirações individuais afetam o bem-estar social e as políticas governamentais. Entre os principais temas abordados, destacam-se:
- Interconexão entre atitudes individuais e bem-estar social: A forma como as perceções sobre trabalho, família, educação e outros aspetos impactam o bem-estar coletivo em nível macro.
- Influência das políticas públicas nas aspirações individuais: A maneira como os governos podem moldar as aspirações das pessoas por meio de incentivos económicos, oportunidades educacionais e outros mecanismos.
- Desafios na promoção do bem-estar e das aspirações positivas: As dificuldades enfrentadas pelos governos ao tentar impulsionar tanto o bem-estar social quanto as ambições individuais, especialmente em cenários de desigualdade socioeconómica e transformações estruturais na economia.
- Papel das instituições sociais e culturais: A influência das instituições sociais e culturais na formação das atitudes e aspirações individuais, bem como a variação desse impacto em diferentes contextos socioculturais.
O debate proposto por Taylor-Gooby adota uma perspetiva comparativa, analisando diferentes estratégias utilizadas por diversos países para promover o bem-estar e fomentar aspirações positivas entre os cidadãos
17 Fevereiro 2025, 20:30
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Maria Asensio Menchero
Apresentação da UC. Apresentação da docente e dos discentes e informações gerais sobre a planificação da UC
Temas a abordar na UC
Como organizar os temas?
Acesso às leituras e calendário das Apresentações;
Trabalho escrito: Análise Crítico de Artigo Científico a ser submetido em Revista nacional ou internacional;
Desafios práticos: congressos on-line, artigos e projetos;
Ebooks e Conteúdos no repositório de conteúdos do Fénix.