Sumários

Atenção e Emoção na Busca Visual

23 Outubro 2025, 14:30 Nuno Alexandre De Sá Teixeira


Paradigmas de busca visual. Modelos de filtro atencional e o paradigma da escuta dicótica - breve revisão dos principais resultados empíricos. A Teoria da Integração de Características de Anne Treisman: Varrimento do campo visual e detecção automática e em paralelo (processos modulares) de características simples; foco atencional que corre o campo visual de forma controlada e num processamento serial e do qual resulta a 'colagem' (binding) de características simples (percepção e reconhecimento de objectos). Previsões da Teoria da Integração de Características: (i) os tempos de reacção numa tarefa de detecção de um alvo definido pela conjunção de características simples (detecção conjuntiva) aumenta linearmente com o número de elementos no campo visual; (ii) os tempos de reacção numa tarefa de detecção de um alvo definido por uma característica simples (detecção disjuntiva) é invariante em relação ao número de elementos no campo visual - fenómeno de pop-out; (iii) ocorrência de conjunções ilusórias em apresentações taquitoscópicas (a colagem de características simples é feita de uma forma aleatória). Realização de uma tarefa laboratorial - busca visual - e demonstração das previsões i e ii. Demonstrações de fenómenos de conjunções ilusórias.
Tarefas de busca visual com estímulos com conteúdo emocional, em cujos elementos (distractores ou alvos) veiculam significados afectivos. Estímulos ameaçadores tendem a ser mais eficazmente encontrados entre distractores neutros - Efeito de Superioridade da Ameaça. Revisão e replicação em PsychoPy do estudo de Öhman, Lundqvist, & Esteves (2001), usando a tarefa de busca visual com faces esquemáticas amigáveis, ameaçadoras ou neutras. As faces esquemáticas possibilitam o controlo de variáveis visuais de baixo nível - não obstante o seu diminuído realismo, os resultados suportam o efeito da superioridade da ameaça (quando especificamente aplicado a faces, designado por Efeito Face-in-the-Crowd). Breve revisão de estudos posteriores recorrendo a tarefas de busca visual e estímulos ameaçadores filogeneticamente relevantes, como o seja imagens de cobras (estas são um predador natural de primatas).

Bibliografia:
Fundamental:
Treisman, A. M. (1980). A Feature-Integration Theory of Attention. Cognitive Psychology, 12, 97-136.
Wolfe, J. M. (2018). Visual Search. In J. T. Wixted (Ed.), Steven's Handbook of Experimental Psychology and Cognitive Neuroscience (Chapter 13). New York: John Wiley and Sons.
Öhman, A., Lundqvist, D., & Esteves, F. (2001). The face in the crowd revisited: A threat advantage with schematic stimuli. Journal of Personality and Social Psychology, 80(3), 381–396. https://doi.org/10.1037/0022-3514.80.3.381
Soares, S. C., Lindström, B, Esteves, F., & öhman, A. (2014). The Hidden Snake in the Grass: Superior Detection of Snakes in Challenging Attentional Conditions. Plos One, https://doi.org/10.1371/journal.pone.0114724
Biondi, L., Gomes, N., Maior, R. S., & Soares, S. C. (2024). Revisiting “The Malicious Serpent”: Phylogenetically Threatening Stimulus Marked in the Human Brain. Emotion Review, 0(0). https://doi.org/10.1177/17540739241277942

Cognição e processamento de informação

16 Outubro 2025, 14:30 Nuno Alexandre De Sá Teixeira


Tempos de Reacção de Escolha (ou complexos) e a sua relação não linear com o número de emparelhamentos estímulo-resposta. A Teoria da Informação e a medida de informação em bits. A Lei de Hick-Hyman: Os tempos de reacção de escolha seguem uma função linear da quantidade de informação (em bits) a processar na tarefa: TR = a + b*Log2(n). O declive da função linear como um medida da taxa de processamento (em bits por segundo). Execução de um exercício laboratorial: medida dos tempos de reacção para 2, 4, 8 e 16 emparelhamentos entre estímulos (letras) e respostas (teclas). A Lei de Hick-Hyman como reflexo de duas fontes de incerteza - no estímulo e na resposta - o paradigma um-para-muitos para dissociação da incerteza na respoosta e na identificação do estímulo. Tempo de movimento (TM) e a Lei de Fitts: O tempo de execução de um movimento é uma função linear do índice de dificuldade, em bits, determinado pelo tamanho (T) e distância(D) do alvo - TM = a + b*log2(2D/T). Demonstração da Lei de Fitts e implicações pragmáticas. O efeito da compatibilidade entre estímulo e resposta e treino no declive da função de Hick-Hyman: maior compatibilidade estímulo-resposta e maior treino resultam num menor declive - possibilidade de indexar processos automáticos/controlados com o declive da função linear. A Lei de Hick-Hyman e a Lei de Fitts em contextos aplicados.
Distinção entre modelos estritamente seriais e modelos paralelos de processamento. O caso da busca de dígitos na memória a curto-prazo. Busca serial exaustiva, busca serial auto-terminada e busca paralela - previsões empíricas para Tempos de Reacção em função da carga mnésica. Manipulação de factores num desenho experimental factorial e previsões empíricas: um efeito aditivo (nenhuma interacção) suporta a existência de estádios de processamento independentes e organizados serialmente; um efeito sub ou sobre aditivo (interacção significativa) refuta a independência dos estádios (Método dos Factores Aditivos). Realização de um exercício laboratorial baseado na tarefa de busca na memória de curto-prazo com manipulação da carga mnésica e da discriminabilidade perceptiva da sonda. O problema da mimetização de modelos: Modelos paralelos podem resultar em algumas das mesmas previsões que modelos serias (e.g., o caso dos modelos paralelos com capacidade limitada e realocação de recursos). Sistematização dos sinais empíricos para diagnóstico da arquitectura de processamento.


Bibliografia
Fundamental:
Proctor, R. W., & Schneider, D. W. (2018). Hick's law for choice reaction time: A review. Quarterly Journal of Experimental Psychology, 71(6), 1281-1299.
Zheng, J., & Meister, M. (2025). The unbearable slowness of being: Why do we live at 10 bits/s?. Neuron, 113(2), 192–204
Townsend, J. T. (1990). Serial vs. Parallel processing: Sometimes they look like Tweedledum and Tweedledee but they can (and should) be distinguished. Psycjological Science, 1, 46-54.
Townsend, J. T., & Wenger, M. J.Townsed (2004). The serial-parallel dilemma: A case study in a linkage of theory and method. Psychonomic Bulletin & Review, 11, 391-418.

Introdução ao estudo das Emoções

9 Outubro 2025, 14:30 Nuno Alexandre De Sá Teixeira


Introdução ao estudo da emoção: questões centrais no estudo das emoção - o que são, quantas existem, para que servem, como são experienciadas e como são reconhecidas? A problemática da definição de emoção: pluralidade das definições de emoção e problemas de delimitação. A distinção entre emoção e motivação. A multidimensionalidade da emoção: (i) experiências afectivas (prazer-desprazer), (ii) processos cognitivos (percepção, avaliação, classificação), (iii) adaptações fisiológicas (reacções somáticas), (iv) condutas e comportamentos (expressões emocionais). Modelos das emoções: Modelos Discretos (Emoções Básicas), Modelos Dimensionais (privilégio da componente experiencial, tido como primária). Evolução, emoção e a fundamentação dos Modelos e Emoções Básicas. As primeiras Teorias da Emoção e a relação entre eventos/estímulos, experiência emocional e reacções (corporais, expressivas e comportamentais). A concepção do senso comum: evento => experiência emocional => reacções corporais. A Teoria de James-Lange (proposta independentemente por William James e Carl Lange) como inversão da sequência de senso comum: evento => percepção e avaliação => reacções corporais => experiência emocional. Argumentos de James e Lange a favor da sequência teórica. A resposta crítica de W. B. Cannon e os seus contra-argumentos à Teoria de James-Lange: (i) insensibilidade dos receptores dos órgãos internos; (ii) latência das respostas fisiológicas; (iii) irrelevância do feedback (dados de simpatectomia em animais); (iv) falta de diferenciação entre padrões de activação fisiológica; (v) insuficiência das respostas corporais (dados da indução artificial de respostas autonómicas) - as reacções corporais não são nem suficientes nem necessárias para a experiência afectiva. A Teoria de Cannon-Bard: processamento perceptivo do evento/estímulo (o papel to hipotálamo) e a emergência paralela e independente de experiências emocionais (baseadas em padrões inatos de activação cortical) e respostas corporais. Dados empíricos que informam a oposição entre as Teorias de James-Lange e Cannon-Bard. Ramificações modernas da Teoria de James-Lange: a hipótese do feedback facial e a hipótese do marcador somático.

Bibliografia:

Fundamental:

Kalat, J. W., & Shiota, M. N. (2007). Emotion. Belmont, CA: Thomson (Capítulo 1)

Métodos da Psicologia Cognitiva: Tempos de Reacção

25 Setembro 2025, 17:30 Nuno Alexandre De Sá Teixeira


Introdução à medida dos Tempos de Reacção. Contextualização histórica e definiçoes preliminares - período preparatório, início do estímulo, início da resposta, tempo da resposta. Distinção entre Tempos de Reacção Simples e Tempos de Reacção de Escolha (Complexos). Características dos Tempos de Reacção Simples: (i) Distribuição de frequências assimétrica para a direita (possíveis correcções); (ii) seguem uma função negativamente acelerada da intensidade do estímulo (Lei de Piéron); (iii) variam com a modalidade sensorial (mais lentos para estímulos visuais que auditivos ou tácteis); (iv) sensíveis ao período preparatório. O Método Subtractivo de Donders - (a) Tarefa de Tempos de Reacçao Simples, (b) Tarefa de Tempos de Reacção de Escolha e (c) Tarefa Go-NoGo. Medida do tempo requerido para a "identificação de um estímulo" pela subtracção de (a) a (c) e medida do tempo requerido para a "selecção da resposta" pela subtracção de (c) a (b).

Apresentação da UC e Modalidades de Avaliação

25 Setembro 2025, 14:30 Nuno Alexandre De Sá Teixeira


Apresentação da unidade curricular e modalidades de avaliação. Breve revisão introdutória à Psicologia Cognitiva. As noções de níveis de análise e a distinção entre processos bottom-up e top-down.