Aula 24 - Visita de estudo à Quinta do Pisão, em Cascais

Com partida do ISCTE pelas 10h30 e regresso pelas 16h30, pretendeu-se,  com esta visita, explorar a relação entre Ambiente, Sociedade e Arte Sustentável, num espaço — a Quinta do Pisão — que integra várias obras de Land Art. Obras que serviram como ponto de partida para uma reflexão alargada, abordando não apenas a história da quinta e os seus propósitos atuais, mas também as ligações de cada peça artística com os problemas ambientais contemporâneos (nomeadamente as alterações climáticas, a saúde ecossistémica, os ciclos naturais e os ciclos sociais). Para um melhor enquadramento, fomos acompanhados por Ana Gonçalves (CRIA-Iscte) que desenvolvera reflexão prévia sobre o tema

A aula foi reservada para tirar dúvidas sobre o ensaio (trabalho final), mas também de preparação para a visita de estudo que se realizou no dia seguinte (28 de maio).  Procurou-se uma abordagem que esta iniciativa fosse mobilizadora para a maioria dos estudantes, ao permitir-lhes contactar com formas alternativas de abordar os desafios ambientais do nosso tempo — o tema central da Sociologia do Ambiente. A iniciativa foi desenvolvida em colaboração com Ana Gonçalves (CRIA-iscte) e ficou aberta a outros interessados, até ao limite máximo de ocupação do autocarro disponibilizado pela Câmara Municipal de Cascais.

A criação e gestão de Áreas Protegidas é uma ferramenta basilar das políticas de conservação da natureza e da biodiversidade desde, pelo menos, a criação do Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA, em 1872. Em Portugal este movimento chegou mais tarde. Apesar do isolamento português decorrente da ditadura e da guerra colonial, a criação da primeira área protegida –  o Parque Nacional da Peneda-Gerês (1971) – surge como marco importante, numa tentativa de quebrar o isolamento a que o país estava votado. Contudo, foi sobretudo na sequência da revolução de 25 de Abril de 1974 que se criou o Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico e, na sua sequência, se expandiu a hoje designada Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP).

Em Portugal, quando se deu a Revolução de Abril de 1974, o abastecimento de água não chegava a metade do parque habitacional. No caso dos esgotos, a situação era ainda pior, pois nem um terço das habitações era servido por algum tipo de rede. Nos anos que se seguiram, o abastecimento de água e o saneamento básico tornaram-se prioridades de sucessivos governos. Contudo, a situação só se resolveria com a chegada dos fundos europeus, no período pós-adesão à UE. Passados 50 anos, o balanço é claramente positivo, embora se registem alguns pontos menos conseguidos, cuja insuficiência é vincada pelos desafios postos pelas alterações climáticas.

À medida que as atividades humanas alteram drasticamente o ambiente no contexto do Antropoceno, muitas pessoas experimentam uma sensação de perda, desolação e desconexão relativamente ao seu ambiente natural. Isso pode resultar em sentimentos de ansiedade, tristeza, impotência e até mesmo depressão. Por exemplo, quando uma comunidade vê sua paisagem familiar destruída por incêndios florestais frequentes ou quando agricultores enfrentam secas prolongadas e perda de terras cultiváveis devido ao aumento das temperaturas, isso pode desencadear um profundo sentimento de solastalgia, que, como defende Albrecht, destaca a interconexão entre ambiente e bem-estar humano. Nesse sentido, os sentimentos de Solastalgia podem ser vistos como uma resposta emocional ao Antropoceno.