Produzidas inicialmente no Sudeste Asiático, as bananas são hoje o fruto mais consumido e exportado no mundo, representando ainda a quarta mais importante cultura básica a nível mundial. Há, no entanto, problemas sérios na sua cadeia de valor (desde a produção ao consumo) quer em termos ambientais, quer em termos sociais. Desde logo:

a) na produção e na conservação utiliza-se grande quantidade de químicos;

b) em muitos países produtores, há sinais de violações dos direitos dos trabalhadores;

c) a existência de "land-grabing" e a concentração do mercado global em 5 companhias é inquestionável;

d) a cadeia muito longa implica fortes impactos ambientais (sobretudo ao nível das emissões) e económicos (distribuição dos lucros)

Com um jogo de “Role-Playing” procurou-se fomentar a reflexão sobre as questões anteriormente tratadas de justiça ambiental e desequilíbrios Norte-Sul.

Aula 18 – Alterações Climáticas e Desequilíbrios Norte-Sul

Os acontecimentos dos últimos anos tornaram claro que ninguém pode escapar aos impactos das alterações climáticas. No entanto, a nível mundial, os efeitos climáticos (e.g., eventos extremos) não são uniformes. O Índice Global de Risco Climático, por exemplo, indica que os países mais pobres do mundo, apesar de registarem os níveis mais baixos de poluição industrial, são os mais suscetíveis aos danos causados pelas alterações climáticas. Em consequência, as alterações climáticas alargam as desigualdades globais já existentes, comprometendo assim os esforços de redução da pobreza. E apesar das evidências, as medida mais óbvias (e.g., Fundo de Perdas e Danos) permanece inoperantes, ou longe de colmatar as necessidades mais prementes.

Aula 17 - Justiça ambiental no Antropoceno: escassez ecológica e iniquidades sociais

O termo "Justiça Ambiental" surgiu no início dos anos 1980, nos Estados Unidos, com movimentos comunitários afro-americanos e latinos que denunciavam o racismo ambiental — a exposição desproporcional de comunidades racializadas e pobres à poluição, resíduos tóxicos, e à degradação ambiental. Esta sessão procurou explorar o conceito e suas diversas dimensões, bem como as suas origens e sua atualidade numa época em que os padrões sistemáticos de injustiça na localização de infraestruturas poluentes, por exemplo, permanecem. 

Continuando a explorar o conceito de Buen Vivir, esta segunda sessão sublinha o Buen Vivir enquanto cosmovisão que rejeita a conceção antropocêntrica da modernidade ocidental, propondo uma visão relacional do mundo. Autores como Acosta posicionam o Buen Vivir em diálogo com correntes do pensamento decolonial e do ecologismo político. Nesse sentido, aproximam-se de correntes, desenvolvidas noutros contextos, mas igualmente desafiadoras do do status quo socioeconómico, que serão exploradas nas aulas seguintes.

O conceito de Buen Vivir emerge como uma alternativa ao modelo de desenvolvimento hegemónico, enraizado no crescimento económico e na exploração dos recursos naturais. Inspirado nas cosmovisões indígenas da América Latina, especialmente dos povos Quechua e Aymara, o Buen Vivir propõe um paradigma que privilegia a harmonia entre seres humanos, natureza e comunidade, rejeitando a dicotomia entre sociedade e ambiente que marca o pensamento ocidental moderno. Esta é a primeira sessão de um conjunto de teorias e abordagens alternativas na Sociologia do Ambiente a explorar em sala de sula.